Nas últimas semanas, sem querer ( ou não ), acabei instigando a curiosidade do meu sobrinho de apenas três anos, pela história do Titanic. Tudo começou quando apresentei a ele o livro ( A Viagem do Titanic, Um navio inesquecível, uma tragédia histórica ) de Duncan Crosbie. O livro é ricamente ilustrado com pop-ups e reproduções de documentos do ano de 1912 e conta a história do navio sob o olhar do menino Jack, que escreveu todas as suas impressões de sua grane aventura em um diário ficcional. De fato, uma opção interessante para as crianças.
É claro que brincadeira vai, brincadeira vem e decidi mostrar a ele algumas cenas do filme Titanic de James Cameron ( 1997 ). Para a minha surpresa, ele ficou ainda mais empolgado e já está até aprendendo a acompanhar a música tema My Heart Will Go On interpretada por Celine Dion. Além disso, ele faz questão de pontuar diversas vezes que não gosta da cena em que o navio bate no iceberg e já me fez perguntas um tanto intrigantes, como por exemplo, ( Por que o Titanic afundou? ) ou ( Por que não tiram o Titanic do fundo do mar ? )
Em meio a essas vivências com alguém tão jovem que pode não ter a oportunidade de assistir a documentários ou mesmo contemplar imagens e gravações dos futuros destroços submersos, me peguei refletindo sobre esta questão, ( O que podemos fazer para manter viva a memória do Titanic para as próximas gerações ? )
O Titanic se encontra há quase quatro mil quilômetros de profundidade estando submetido a condições extremas como pouca luz e alta pressão o que acelerou bastante seu processo de degradação. É sabido também que o que restou dos destroços, está sendo destruído por fortes correntes oceânicas, pela corrosão salina e por bactérias que consome metais.
A icônica banheira do quarto, fotografada nas primeiras expedições em 1985, por exemplo, já não existe mais devido a esses processos de desaparecimento.
O naufrágio em si é a única testemunha que temos atualmente do desastre do Titanic, disse Robert Blyth, curador do National Maritime Museum, em Greenwich, na Inglaterra a uma entrevista à BBC, ressaltando como é lamentoso o futuro que nos aguarda sem os resquícios do que um dia foi sinônimo de grandeza e exuberância.
Ainda não há como prever exatamente em quanto tempo o Titanic irá desaparecer por completo, isso pode variar de vinte a cem anos. Tudo depende das alterações ou não das condições as quais o navio está submetido. De qualquer forma, devemos nos acostumar com a ideia de que os restos da embarcação devem sumir nos próximos anos.
Assim, acredito que uma das formas de manter viva essa memória seja através desses diferentes tipos de conteúdos os quais encontramos para todas as idades como livros, filmes, documentários, animações ou mesmo diversas referências presentes em gibis, séries, vídeos ou até mesmo memes que circulam pelas redes sociais.
Além disso, o que de fato irá comprovar a existência do Titanic após o seu desaparecimento, fisicamente falando, será o trabalho de preservação e conservação dos artefatos encontrados em seu sítio arqueológico. Hoje, muitos deles estão expostos em diversos museus pelo mundo como o Titanic Belfast na Irlanda do Norte, o Titanic Museum Attraction e o Titanic, The Artifact Exhibition Las Vegas, ambos nos Estados Unidos.
Os museus tendo esse importante papel de adquirir, conservar, investigar, expor e divulgar os testemunhos materiais do homem e de seu entorno, para educação e deleite da sociedade, certamente irão garantir que os objetos encontrados em meio aos destroços do Titanic sejam admirados pelos futuros entusiastas e curiosos por essa história que continua gerando fascínio todos os anos. É evidente que este é um tipo de entretenimento não acessível para a maioria das pessoas, o que futuramente poderá se tornar uma importante pauta entre os interessados em também manter esta memória.
Em suma, não há dúvidas que o trabalho minucioso de James Cameron na produção de Titanic, um marco do cinema, irá para sempre estimular a curiosidade do público para saber mais o que há por trás dessa tragédia ainda cercada por tantos mistérios. Digo isso levando em consideração minha própria experiência de vida, que começou com a minha irmã mais velha me apresentando ao filme quando eu tinha oito anos de idade e hoje, tenho a oportunidade de poder fazer o mesmo com o meu sobrinho. E mesmo que ele não se torne um entusiasta tão fissurado quanto eu, para mim é suficiente que ele saiba que algum dia existiu um navio chamado RMS Titanic que afundou após colidir com um iceberg.