Segundo Victor Vila, presidente da Sociedade Histórica Brasileira do Titanic, o fim da White Star Line começou no inicio do século XX, pois foi quando o capital da White Star foi adquirido por iniciativa privada através do magnata J.P Morgan. A Cunard Line, apesar de também ser uma empresa privada, não tinha aberto seu capital para o estrangeiro e isso estreitou o diálogo dos empresários da Cunard com o governo britânico.
Não é à toa que a Cunard sempre teve o facilitador de construção naval junto ao governo britânico. Por conta disso, a Cunard era vista como a “favorita” do governo enquanto a White Star, embora fosse a maior concorrente da Cunard, o governo britânico sempre deu preferência a Cunard devido a esse acordo de subsídios que vem do final do século XIX. Isso já faz com que a White Star Line saia em desvantagem a partir desse momento.
Ambas as companhias tiveram seus períodos de crise, a White Star ainda teve a perda de 2/3 do investimento da Classe Olympic com os naufrágios do Titanic e Britannic. Embora esse não tenha sido o fator que determinou o fim da companhia, contribuiu para que a White Star aumentasse ainda mais suas dívidas em relação a Cunard. Tanto que a Cunard ainda projetou, após o Mauritania e Lusitania, o Aquitania e outros navios menores, menos expressivos enquanto a White Star Line não teve projetos de novos navios após a Classe Olympic, entregando apenas o MV Georgic e o MV Britannic, navios bem menores.
Além disso, até o final da década de 20 e inicio da década de 30, as duas tinham um papel muito importante no mercado britânico, tanto que no inicio de 1930, a Cunard Line estava construindo o Queen Mary e a White Star Line estava projetando o Oceanic. Os dois navios eram do mesmo porte o que significa que ambas as companhias ainda estavam num nível de concorrência a altura, construindo gigantes para competir no Atlântico.
O problema foi quando chegou a crise de 29 pegando as duas companhias em cheio, porém enquanto a Cunard Line tinha o apoio do governo britânico financiando com dinheiro público a construção do Queen Mary, a White Star Line não teve a mesma sorte tendo que abortar o projeto de construção do Oceanic que precisou ser totalmente desmantelado por falta de capital.
Em seguida, um dos acordos que o governo faz com a Cunard para poder construir o Queen Mary, foi reunir os diretores das duas companhias com o argumento de que as empresas eram as mais destacadas do mercado de transporte marítimo do Reino Unido, porém como o governo não podia ajudar as duas individualmente, eles propõem o financiamento para a construção do Queen Mary desde que a partir desse aporte estatal, as duas empresas se unam. Foi aí que nasceu a Cunard-White Star Line, uma fusão imposta pelo governo.
Acontece que a Cunard Line tinha um poder financeiro maior que a White Star naquele período, ou seja, na fusão, a maior influencia foi da Cunard o que teria sido o golpe final para sucumbir a White Star aos poucos. Isso iniciou com a junção da frotas das duas companhias, mas era uma frota muito grande, com muitos navios velhos o que acabou com que muitos deles foram enviados para serem desmontados, como por exemplo o Mauretania e o Olympic.
Conforme os anos foram passando até a década de 50 e 60, todos os navios mais antigos da White Star ainda operavam, mas quando saíam de operação, a fatia de influência da White Star ia reduzindo cada vez mais até sobrar o Nomadic. Quando o Queen Mary se aposentou em 1967 e consequentemente o Nomadic em 1968, foi a última vez que a bandeira da White Star Line foi colocada em mastro de navio da companhia. A única coisa que sobrou foi o nome White Star Service, uma categoria de serviço dentro da Cunard.
Portanto, a última embarcação sobrevivente da White Star é o SS Nomadic, uma balsa construída na década de 1910 a fim de transportar passageiros do porto de Cherbourg na França para seus grandes navios. O Nomadic foi renovado na década de 2010 e está em exibição pública em Belfast desde 2013.