Havia mais de duas mil pessoas somando passageiros e tripulação a bordo do Titanic em sua viagem inaugural, quando o transatlântico caiu em desgraça ao se chocar com um iceberg, e sofreu um trágico naufrágio em meio às águas internacionais.
Entre todas essas pessoas tanto as 706 que tiveram a sorte de sobreviver ao desastre, quanto às outras tantas que afundaram junto ao navio existem ainda histórias que permanecem como mistérios para a atualidade.
Uma delas, todavia, foi trazida à superfície em maio de 2016, quando esforços da Titanic International Society, que é uma ONG cujo objetivo é preservar a memória do célebre transatlântico, identificaram o túmulo de um herói esquecido da tragédia, O irlandês Robert John Hopkins.
Hopkins tinha 43 anos de idade quando embarcou no Titanic. Ele vivia nos Estados Unidos desde 1900, quando se mudou para o país norte americano com sua esposa Annie Graham Hopkins.
Em 1911, afinal, quando entrou a bordo do famoso transatlântico, John não estava ali a passeio, como muitos, e sim a trabalho, Ele era um marinheiro do Titanic.
No fim, sua atuação acabou sendo de grande importância nos momentos de pânico que se seguiram após a tripulação perceber que o navio estava afundando, e começar a distribuir os passageiros entre os botes salva-vidas que, vale lembrar, não eram suficientes para todos.
Hopkins foi designado para o bote 13, e após atingir o mar, percebeu a tempo que naquela correria para salvar quem fosse possível, outro bote já estava sendo preparado antes do deles ser liberado para flutuar para longe do navio.
O número 15 poderia ter caído bem em cima de suas cabeças, não fosse à eficiência do marinheiro irlandês em cortar as cordas que os conectavam ao Titanic. Para tanto, ele usou o canivete de outra passageira que estava com ele, chamada Delia McDermot. Seus reflexos rápidos foram responsáveis por manter sãos e salvos os membros do bote 13. Mais tarde relatou suas experiências:
… Enquanto o bote salva-vidas afundava, notei, assim como os outros, que ele ia pousar bem embaixo do escapamento dos motores, o que com certeza o teria afundado. Liguei e o abaixamento foi atrasado o suficiente para corrigir isso. Então o barco numero 15 foi baixado quase em cima dele, sendo interrompido a tempo por uma chamada de baixo. Eu tive que cortar as cordas com minha faca. A queda do bote do convés para a água, em circunstâncias normais, era de 95 pés. Neste caso era muito mais, pois a proa na altura estava a afundar e a popa levantava-se bem alto. Mesmo assim, eu não pensava que ela fosse descer …
Não sendo obrigado a prestar depoimento no Inquérito Britânico ou Americano sobre o desastre, Hopkins recusou as ordens da companhia para navegar de volta para a Grã-Bretanha e sair da White Star Line, sem esperar nenhum alívio financeiro deles.
Embora a experiência de um naufrágio seja marcada pelo trauma, Hopkins manteve sua profissão nos anos posteriores ao episódio. Ele passou o restante de sua vida trabalhando nos portos dos Estados Unidos, até que faleceu em 1943, aos 75 anos de idade.